sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O NOVO MINEIRÃO

Arquitetura: Gustavo Penna Arquiteto & Associados
Matéria extraída do site: www.gustavopenna.com.br


Diferentemente de todos os estádios brasileiros já construídos, o Complexo Mineirão está implantado numa região que dispõe de fartas áreas livres para abrigar todas as funções esportivas e outras complementares, exigidas tanto para sediar a Copa de 2014, quanto para garantir a sustentabilidade econômica e social do Conjunto após o evento. Será um equipamento que instrumentalizará a vida da região e da cidade, complementando as funções demandadas pela população. Será o espaço do encontro que irá conjugar várias funções afins: esporte, lazer, entretenimento, cultura, etc.



Aproveitando o desnível existente no entorno do Mineirão, a nossa proposta parte da idéia de se criar uma grande praça nivelada com o acesso de público que contornam e interligam o edifício do Mineirão e do Mineirinho, criando uma unidade para todo o conjunto. A praça, na laje superior, descortina uma vista privilegiada para a lagoa da Pampulha e seu notável conjunto arquitetônico. É através dela que se dará o acesso do público ao complexo, ora de nível, ora através de rampas.



Sob as lajes, serão criados espaços com grandes vãos e com pé-direito duplo, propiciando grande flexibilidade para as instalações do evento e para o uso futuro. Nesta área estão localizados os estacionamentos, os acessos VIP, halls, lojas, as áreas de apoio e logística que irão suprir todas as demandas exigidas pela FIFA.




A localização do Conjunto é estratégica, por possuir grandes eixos viários no seu entorno, propiciando múltiplas alternativas de acesso. Será previsto um terminal intermodal nas proximidades do Complexo que irá concentrar, num só espaço, os embarques e desembarques do metro, dos ônibus de linha e dos ônibus especiais do evento.

A área conta, ainda, com o Aeroporto da Pampulha a 2.8 quilômetros de distância e com o Aeroporto de Confins a 32,7 quilômetros, acessados pela Linha Verde, recém inaugurada e pela Avenida Antônio Carlos, recentemente duplicada. De toda forma, serão necessárias algumas intervenções viárias pontuais no entorno do Complexo para garantir o perfeito funcionamento dos fluxos.




O Complexo Mineirão se integra ao conjunto Urbanístico-Arquitetônico da Lagoa da Pampulha e edificações do seu entorno, formando o mais vigoroso pólo turístico e cultural da capital mineira. São equipamentos que, complementados, reequipados e revitalizados, serão capazes de se transformar em um Complexo de inequívoca dimensão internacional.





GUSTAVO PENNA
Arquiteto confirmado no CIDADE ARQUITETURA
29 e 30 de março / 2012 - MACEIÓ!!!

Clique aqui e confirme também a sua presença!!!!

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CIDADE ARQUITETURA SERÁ EM MARÇO/2012

OK!!! Vcs Venceram!!!!
Adiado o CIDADE ARQUITETURA para 29 e 30 de março!!!

Após a temporada de negociações com professores, alunos, arquitetos, inscritos, palestrantes, hotel, fornecedores... ufaaa!!! Está definido: O CIDADE ARQUITETURA será em março de 2012.
Por que?
- Início de semestre, sem a preocupação com trabalhos finais para apresentar;
- Baixa estação – Tarifas mais baratas para hospedagens e vôos;
- Possibilidade de muitos professores dispensarem as aulas no período;
- Etc, etc, etc...

As inscrições realizadas já foram negociadas (na realidade só falta um inscrito que não preencheu a ficha... Mas, a gente localiza), e os valores com maior desconto serão mantidos até o fim de novembro. Estamos alterando, aos poucos, tudo no Blog e na fan Page!!!

A GENTE SE ENCONTRA EM MACEIÓ, EM MARÇO!!!!

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domingo, 2 de outubro de 2011

EM NOVEMBRO: UM SHOW DE ARQUITETURA ESPECIALMENTE FEITO PRA VC!!!


Veja a programação completa do CIDADE ARQUITETURA
Para conferir os prazos e fazer a sua inscrição: clique AQUI

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ÉOLO MAIA E A CONSTRUÇÃO DA PAISAGEM

Autor: Bruno Santa Cecília Originalmente publicado em: mdc - revista de arquitetura e urbanismo, Brasília, 16 fev. 2009.
fotos: Ver créditos ao fim do artigo



A paisagem das cidades é formada não apenas pela imagem dos edifícios que as compõem mas, principalmente, pelas relações que estes edifícios estabelecem entre si e entre os espaços vazios que os circundam. Ainda que, como apontava Aldo Rossi [1], a arquitetura seja protagonista na composição desta paisagem, poucos são os edifícios que efetivamente contribuem de maneira positiva para sua construção. A exemplo de grande parte das cidades brasileiras, nas quais predominam edifícios inexpressivos e ensimesmados, arquiteturas que buscam estabelecer relações com seu entorno passam a constituir exceções.E é na condição de exceção que devemos procurar entender a arquitetura de Éolo Maia, em especial no que diz respeito à sua contribuição para construção da imagem urbana das cidades nas quais projetou.Mineiro de Ouro Preto, Éolo foi um expoente do pós-modernismo arquitetônico brasileiro e um dos arquitetos mais proeminentes de sua geração. Em Belo Horizonte trabalhou e viveu a maior parte dos seus 60 anos – prematuramente interrompidos pela sua morte em 2002 -, e a capital mineira foi um dos principais palcos de suas experimentações e realizações arquitetônicas.

A despeito de qualquer juízo de valor que se possa fazer da arquitetura de Éolo Maia, há que se reconhecer seu talento singular para criar marcos e referências urbanas. Inegavelmente, seus edifícios são especialmente ricos naquilo Kevin Lynch denominava “imaginabilidade” [2], ou seja, a capacidade que um objeto físico possui de evocar uma imagem ou sensação forte.

Neste sentido, gostaria de apresentar e discutir algumas das estratégias projetuais utilizadas por Éolo para garantir a inserção marcante de seus edifícios na cidade, qualidade que também explica o reconhecimento de sua arquitetura pelos habitantes de Belo Horizonte.  




A DIMENSÃO VERTICAL
Condomínio Officenter (1989)

A verticalidade [3] era um atributo intencionalmente utilizado por Éolo Maia para diferenciar seus edifícios na paisagem e garantir sua visibilidade, mesmo a maiores distâncias. Neste sentido, um dos campos mais férteis para suas experimentações arquitetônicas foi o dos edifícios verticais. 


As composições verticais de Éolo recorriam à estratégia clássica de tripartição do volume em base, corpo e coroamento [4]. Na sua arquitetura, este recurso permitia que o programa do embasamento fosse trabalhado com mais liberdade em relação ao corpo do edifício, uma vez que seus volumes não demandavam uma correspondência exata. Por sua vez, na composição do arremate superior, o arquiteto valia-se invariavelmente de volumes proeminentes e plasticamente mais trabalhados que, ao superarem seus vizinhos em altura e expressividade, buscavam reforçar a presença do edifício num entorno geralmente homogêneo e pouco expressivo.  



Croquis Centro Empresarial Raja Gabaglia (1989)

Não por acaso, esta estratégia é bastante notável dentro da lógica espacial das cidades barrocas mineiras, em especial de Ouro Preto, cidade natal do arquiteto. De fato, as igrejas barrocas destacam-se no tecido urbano tanto por sua implantação peculiar, quanto pela verticalidade de suas torres sineiras que marcam a presença do edifício na paisagem e definem simbolicamente sua área de influência, ou paróquia. Nos projetos de Éolo Maia, a reprodução intencional desta estratégia pode ser atestada pelos croquis preliminares para o Centro Empresarial Raja Gabaglia. Estes desenhos sugerem, ainda, o reconhecimento que Éolo tinha do papel da história e, em especial, da arquitetura barroca mineira como fonte de inspiração.  


A EXPRESSIVIDADE PLÁSTICA


Edifício Fashion Center (1991-95)
Museu de Mineralogia Prof. Djalma Guimarães (1984-1992)

Mesmo nos edifícios de menor porte, Éolo conseguia obter uma inserção singular na malha urbana. Para isso, recorria a composições com volumes plasticamente expressivos que, contrapostos a um “pano de fundo” urbano homogêneo, destacavam-se por contraste. Esta expressividade era obtida através de duas estratégias distintas: o trabalho sobre as formas livres e a composição autônoma da epiderme do edifício.Não há duvida que algumas situações projetuais oferecem menos restrições que outras; seja pelas particularidades do programa de necessidades, da legislação, das limitações técnicas e econômicas, ou mesmo da interveniência dos clientes. Fato é que Éolo soube como poucos explorar essas situações de menor restrição para exercitar a liberdade de composição plástica e volumétrica. A exemplo dos projetos comerciais, Éolo valia-se da liberdade oferecida por um programa de necessidades relativamente simples para propor um corpo plasticamente mais trabalhado. Partindo de prismas geométricos elementares, compunha o edifício através de operações de adição e subtração de volumes menores e da disposição livre de aberturas e outros elementos sobre as fachadas, alguns até sem função definida. 

Edifício Le Corbusier (1984-1992)


Éolo sempre dedicou bastante atenção à composição do invólucro exterior de seus edifícios. Nos projetos de sua fase pós-moderna verifica-se o trabalho intencional de deslocamento de toda a força plástica e expressiva do edifício para sua epiderme, concebida como elemento autônomo e principal definidor da aparência externa da obra.
Este foi o procedimento adotado no projeto para o Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves, atual Museu de Mineralogia Prof. Djalma Guimarães. A liberdade compositiva fica evidenciada pela independência dos planos verticais das faces norte e leste em relação ao volume edificado, assim como no tratamento homogêneo dado à fachada sudeste, da qual não se percebe as diferenças de uso dos pavimentos. O uso de materiais inusitados e de cores fortes também caracteriza algumas das obras mais expressivas de Éolo. Tanto no Centro de Apoio Turístico, quanto no edifício residencial Le Corbusier, observa-se a justaposição de materiais bastante distintos, como a chapa de aço oxidada, a cerâmica em diversos padrões e a pintura multicolorida, geralmente em tons primários.

O uso das formas escultóricas foi também um recurso utilizado por Éolo para singularização de seus edifícios na paisagem. Uma de suas primeiras experiências nesta direção foi o projeto para a Academia Wanda Bambirra. O edifício destaca-se pela grande casca irregular que domina a esquina na qual se implanta. A construção deste elemento inusitado demandou a utilização de fôrmas de bambu e a disposição cuidadosa dos escoramentos. Além da conquista formal, é valiosa a pesquisa tecnológica empreendida pelos arquitetos para obtenção do efeito desejado.Como já tive oportunidade de demonstrar em outro trabalho [5], as formas e as matrizes escultóricas permearam toda a obra de Éolo Maia. E, se na sua produção inicial essas matrizes realizavam-se através da incorporação de esculturas autônomas à arquitetura, em seus trabalhos mais recentes é o próprio edifício que adquire formas esculturais.É o que demonstra um de seus projetos para revitalização da orla da Lagoa da Pampulha, no qual a próprio edifício assemelha-se a uma escultura. Curiosamente, o mesmo volume foi reutilizado posteriormente por Éolo no projeto vencedor do concurso para o Memorial de Campo Grande. De qualquer maneira, esta estratégia mostrou-se um casamento profícuo entre arte e arquitetura ao aproximar a lógica operativa das duas disciplinas e produzir volumes plasticamente mais expressivos.  

 
IMPLANTAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO

Centro Empresarial Raja Gabaglia(1989-93)
Uma outra estratégia bastante utilizada por Éolo para singularizar seus edifícios na malha urbana foi a busca pela independência do volume em relação às demais construções. Este recurso partia do reconhecimento da lógica espacial das cidades barrocas de valorização dos edifícios públicos, hierarquicamente mais importantes que os particulares. Via de regra, estes edifícios se destacam pela condição de visibilidade integral de seus volumes, contrapondo-se às demais edificações que seguem rigorosamente o alinhamento frontal e compartilham as divisas laterais.Foi este o procedimento adotado por Éolo na composição do Condomínio Officenter. Neste projeto o arquiteto buscou a valorização do edifício no terreno de esquina ao garantir a visibilidade integral de seu volume. Para tanto, propôs a criação de um corpo cilíndrico no qual a continuidade de sua superfície externa elimina qualquer possibilidade de identificação de uma fachada dominante. De maneira similar, o Centro de Apoio Turístico foi concebido como um objeto autônomo em relação às edificações vizinhas, o que enfatiza seu caráter excepcional em relação aos prédios das Secretarias de Estado. Contribuem ainda para tornar o edifício um objeto singular, as relações miméticas que estabelece com seu entorno, evidentes na reprodução da escala altimétrica e na releitura de elementos arquitetônicos dos edifícios vizinhos, como o arco belga que encima o prédio da Secretaria de Estado da Educação. De uma maneira geral, pode-se concluir que Éolo implantava seus edifícios para serem vistos e, para obter este resultado, trabalhava intencionalmente os volumes para modificar as estruturas espaciais do lugar e gerar novos significados [6].




A SENSIBILIZAÇÃO DO USUÁRIO COMUM


Academia Wanda Bambirra (1997-98)
Um dos pressupostos da arquitetura pós-moderna, da qual Éolo Maia foi um dos principais expoentes no Brasil, era a recuperação do diálogo com as pessoas, que supostamente havia se perdido em virtude do caráter hermético dos discursos da arquitetura moderna. Nesta relação entre obra e usuário, a obra de Éolo adquire um novo significado uma vez que seus edifícios não passam desapercebidos.  Desde sua inauguração em 1992, o Centro de Apoio Turístico tem suscitado diversas críticas e elogios por parte de leigos e arquitetos. Sua epiderme metálica e suas cores fortes fizeram com que o edifício fosse rapidamente apelidado de “Rainha da Sucata” pelos estudantes de um colégio vizinho, em referência a uma telenovela popular na época. Passados cerca de quinze anos desde sua conclusão, o Centro de Apoio Turístico continua a suscitar debates entre a população de Belo Horizonte, ilustrando o que parece ser uma característica recorrente das obras de Éolo: o potencial latente de sensibilização do usuário comum.  De fato, vários dos edifícios projetados por Éolo Maia foram espontaneamente apropriados pelos cidadãos belo-horizontinos, revelando o domínio que o arquiteto tinha da arquitetura enquanto linguagem, além de sua excepcional capacidade de comunicação. Além do Centro de Apoio Turístico, recebem apelidos o Condomínio Officenter (“Marmitão”) e a Academia Wanda Bambirra (“Cupinzeiro”), dentre outros.Infelizmente, ainda é relativamente recente o reconhecimento da importância da obra de Éolo Maia pela historiografia arquitetônica mineira e brasileira. A despeito da crítica oficial e de qualquer juízo que se possa fazer de sua arquitetura, é inegável seu apelo ao usuário comum e seu papel protagonista na composição da paisagem urbana das nossas cidades.



  

IMAGENS:
• Condomínio Officenter. Belo Horizonte, MG (1989). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Foto: Jacques Tinoco Rios.
• Croquis Centro Empresarial Raja Gabaglia. Belo Horizonte, MG (1989-93). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos.
• Edifício Fashion Center. Belo Horizonte, MG (1991-95). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Foto: Jacques Tinoco Rios.
• Museu de Mineralogia Prof. Djalma Guimarães. Belo Horizonte, MG (1984-1992). Arquitetos Éolo Maia e Sylvio de Vasconcellos. Foto: Bruno Santa Cecília.
• Edifício Le Corbusier. Belo Horizonte, MG (1984-1992). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos.
• Projeto de Revitalização da Orla da Lagoa da Pampulha – Edifício Administrativo. Belo Horizonte, MG (1998). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos.
• Centro Empresarial Raja Gabaglia. Belo Horizonte, MG (1989-93). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos.
• Academia Wanda Bambirra. Belo Horizonte, MG (1997-98). Arquitetos Éolo Maia e Jô Vasconcellos. Fonte: Acervo Jô Vasconcellos.  
 

NOTAS:
[1] Cf. ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
[2] CF. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes: 1999.
[3] Carlos Brandão propõe a distinção entre altura e verticalidade ao afirmar que “há edifícios que são altos, mas não são verticais”. Cf. BRANDÃO, Carlos Antônio Leite. Arquitetura Vertical. Belo Horizonte: AP Cultural, 1992.
[4] Este recurso compositivo foi primeiramente codificado na tipologia do edifício vertical proposta pelos arquitetos da chamada Escola de Chicago e foi bastante empregado pela arquitetura pós-moderna a partir da proposta de resgate de elementos e esquemas de composição clássicos.
[5] SANTA CECILIA, Bruno. Éolo Maia: complexidade e contradição na arquitetura brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
[6] Segundo Kevin Lych, “um objeto pode dar a impressão de ter uma estrutura ou identidade sólida devido a características físicas notáveis que sugerem ou impõem seu próprio padrão.” Cf. LYNCH, op. cit.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MENSAGEM DE LE CORBUSIER

LE CORBUSIER
Fonte:dearchitecturablog
"O homem (esse homem que está sempre diante de mim, com suas dimensões, seus sentidos e sua afetividade) está sentado à sua mesa; seus olhos pousam sobre os objetos que o cercam: móveis, cortinas, quadros, fotografias e inúmeros objetos aos quais ele atribui significado. Uma lâmpada o ilumina ou o sol que penetra pela janela, separando a sombra da luz, opondo esses dois extremos pesados de reação sobre nosso físico e nosso psíquico: o claro e o escuro. As paredes de um quarto fecham-se ao seu redor e ao redor de seus pertences ali dispostos. Nosso homem se levanta, caminha, deixa o quarto, passa para outro lugar, qualquer lugar. Ei-lo abrindo a porta, saindo de casa. Ainda está numa casa: um corredor, escadas, um elevador… Ei-lo na rua. Como é feito esse lado de fora? Hostil ou acolhedor? Seguro ou perigoso? O homem está nas ruas da cidade e ei-lo, depois de certos atos sucessivos, fora da cidade, no campo.

Nem por um segundo a arquitetura o deixou: móveis, quarto, luz solar ou artificial, respiração e temperatura, disposição e serviços de sua moradia; a casa; a rua; o sítio urbano; a cidade; a palpitação da cidade; o campo, seus caminhos, suas pontes, suas casas, o verde e o céu, a natureza.

Arquitetura e urbanismo agem efetivamente sobre todos os seus gestos. Arquitetura em tudo: sua cadeira e sua mesa, suas paredes e seus quartos, a escada ou o elevador, a rua, a cidade. Encantamento ou banalidade, ou tédio. E até o horror é possível nessas coisas. Beleza ou feiúra. Felicidade ou infelicidade. Urbanismo em tudo, desde que se levantou da cadeira: lugares de sua casa, lugares do bairro; o espetáculo público de suas janelas; a vida da rua; o desenho da cidade.

Vocês estão percebendo que não há um único instante em que possa faltar cuidado, ternura. Estão percebendo bem essa vocação fraternal da arquitetura e do urbanismo a serviço de nosso irmão-homem. Necessidades materiais, apetites espirituais, tudo pode ser suprido por essa arquitetura e esse urbanismo atento. Vocês sentem a unidade das funções, a totalidade da responsabilidade, a grandeza da missão arquitetura e urbanismo.

Mas muitos não avaliaram que se trata aqui de uma atenção fraternal dirigida ao outro; que arquitetura é uma missão que exige a vocação de seus servos; que, voltada para o bem da moradia (e da morada que, depois de abrigar os homens, abriga o trabalho, as coisas, as instituições, os pensamentos), a arquitetura é um ato de amor e não uma representação. Que se dedicar à arquitetura nestes tempos de transição de uma civilização nova é como entrar para um convento, é crer, é se consagrar, é se dar.

E que, como justo retorno, a arquitetura trará aos que lhe tiverem dedicado todo seu fervor certo tipo de felicidade, uma espécie de transe advindo das angústias do parto da idéia, seguido de seu radioso nascimento. Poder da invenção, da criação, que permite dar o mais puro de si para levar a alegria ao outro, a alegria cotidiana dentro de suas casas.”

Charles-Edouard Jeanneret - Le Corbusier
Suíça 1887 – França 1965


Trecho do livro MENSAGEM PARA O ESTUDANTE DE ARQUITETURA de Le Corbusier.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

BEM VINDO!!!!!!

Temos o enorme prazer de apresentar o projeto CIDADE ARQUITETURA, uma nova série que agora se inicia e que com certeza, trará um novo olhar para as nossas cidades.

Para a primeira edição, foi escolhida a cidade de Belo Horizonte e os arquitetos Jô Vasconcellos, Gustavo Penna e o escritório Arquitetos Associados para expor as suas obras, conceitos e visão sobre arquitetura e a cidade.

Navegue em nosso blog e confira todas as novidades.
Esperamos que vc também venha fazer parte dessa série e colher bons frutos para a sua carreira profissional e para as nossas cidades!!!!