LE CORBUSIER Fonte:dearchitecturablog |
Nem por um segundo a arquitetura o deixou: móveis, quarto, luz solar ou artificial, respiração e temperatura, disposição e serviços de sua moradia; a casa; a rua; o sítio urbano; a cidade; a palpitação da cidade; o campo, seus caminhos, suas pontes, suas casas, o verde e o céu, a natureza.
Arquitetura e urbanismo agem efetivamente sobre todos os seus gestos. Arquitetura em tudo: sua cadeira e sua mesa, suas paredes e seus quartos, a escada ou o elevador, a rua, a cidade. Encantamento ou banalidade, ou tédio. E até o horror é possível nessas coisas. Beleza ou feiúra. Felicidade ou infelicidade. Urbanismo em tudo, desde que se levantou da cadeira: lugares de sua casa, lugares do bairro; o espetáculo público de suas janelas; a vida da rua; o desenho da cidade.
Vocês estão percebendo que não há um único instante em que possa faltar cuidado, ternura. Estão percebendo bem essa vocação fraternal da arquitetura e do urbanismo a serviço de nosso irmão-homem. Necessidades materiais, apetites espirituais, tudo pode ser suprido por essa arquitetura e esse urbanismo atento. Vocês sentem a unidade das funções, a totalidade da responsabilidade, a grandeza da missão arquitetura e urbanismo.
Mas muitos não avaliaram que se trata aqui de uma atenção fraternal dirigida ao outro; que arquitetura é uma missão que exige a vocação de seus servos; que, voltada para o bem da moradia (e da morada que, depois de abrigar os homens, abriga o trabalho, as coisas, as instituições, os pensamentos), a arquitetura é um ato de amor e não uma representação. Que se dedicar à arquitetura nestes tempos de transição de uma civilização nova é como entrar para um convento, é crer, é se consagrar, é se dar.
E que, como justo retorno, a arquitetura trará aos que lhe tiverem dedicado todo seu fervor certo tipo de felicidade, uma espécie de transe advindo das angústias do parto da idéia, seguido de seu radioso nascimento. Poder da invenção, da criação, que permite dar o mais puro de si para levar a alegria ao outro, a alegria cotidiana dentro de suas casas.”
Charles-Edouard Jeanneret - Le Corbusier
Suíça 1887 – França 1965
Trecho do livro MENSAGEM PARA O ESTUDANTE DE ARQUITETURA de Le Corbusier.
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